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Para Redigir: Desbloqueio e Prática
Produzir um texto ainda é um grande desafio para muitos profissionais, que têm dificuldades em expressar suas ideias no papel de forma organizada. Publicado em Sun Jan 09 14:52:00 UTC 2011 - Edição 640 Por meio da escrita, transitam muitas informações importantes do e para o mundo empresarial. Mas, para muitos profissionais, redigir um texto é uma tarefa árdua e que requer muito tempo. Embora possua mentalmente os tópicos de que quer tratar bem estruturados, a maioria sente dificuldade de expressar suas ideias de uma forma organizada.
Produzir o início do texto tem sido apontado como a maior dificuldade na hora de redigir. Isso porque, na ânsia de começar a escrever e ter um “produto” já pronto para ser publicado, esses redatores “ocasionais” geralmente se exigem uma perfeição na forma que acaba prejudicando o mais importante: o conteúdo. Assim, costumam escrever e reescrever diversas vezes, revisando cada frase e procurando desde logo eliminar possíveis erros. Mas redigir não é revisar, e esse procedimento, além de contribuir para o bloqueio mental, não respeita as várias etapas da redação. Para quem não possui muita prática, o primeiro passo pode ser realizar uma espécie de brainstorm escrito, sem travas e sem preocupação com início, meio e fim. Depois que as ideias tomam forma, o texto tende a “assustar” menos e é mais fácil de ser organizado por uma lógica criada quase que naturalmente pelo redator.
O planejamento é uma ferramenta bastante útil na redação. Antes de começar a dar forma aos tópicos, é importante ter em mente que, além de quem escreve e do que é escrito, há o veículo e o leitor. A tessitura e a linearidade do texto — cujo significado etimológico é tecido — dependem, entre outros fatores, do seu próprio veículo. Um artigo de jornal, um capítulo de um livro, uma newsletter ou um informativo interno são diferentes por natureza. Se o profissional se vê obrigado a redigir para um meio com o qual não possui familiaridade, é interessante, portanto, buscar ler alguns textos do mesmo gênero antes de começar o seu. Dessas leituras, ele extrairá o espírito do formato.
Quanto ao leitor, ele deve se fazer presente como uma espécie de jurado do próprio redator. É ele quem vai julgar a clareza e a objetividade do texto, que, no final das contas, “se descola” de quem o produziu. Assim, ter o leitor em mente é se perguntar sempre: Será que estou sendo claro e objetivo? Nesse sentido, é comum se chegar à conclusão de que alguns termos técnicos ou expressões que não fazem parte do universo de um possível leitor mereçam uma explicação. E recursos não faltam para isso: parênteses, travessões, notas de rodapé ou simplesmente uma frase mais didática. O estilo do redator, o modo como ele tece seu texto, é que vai selecionar a melhor opção.
Durante a fase da redação propriamente dita, muitos profissionais se pressionam para acabar logo ou acham que estão perdendo muito tempo quando, por exemplo, se comparam a alguns colegas. Mas cada redator é único, e o texto, uma vez em processo, também ganha vida própria. O interessante é que o profissional reserve um pouco mais de tempo do que julga necessário para essa etapa. Com isso, contará com os prováveis imprevistos e ainda evitará o estresse de escrever sob pressão. Quando possível, deixar o texto “de molho” é uma ótima prática. Depois de ocupar-se com outras atividades, uma mente desprendida do texto costuma enxergá-lo com mais clareza e até pensar em novas soluções para o que quer dizer.
Enfim, vencidas as etapas de planejamento, estruturação dos tópicos e redação propriamente dita, é chegada a hora da revisão. Feita profissionalmente ou por um colega de trabalho, essa última etapa é responsável, entre outros aspectos, pela eliminação dos deslizes do texto. É ela que dá o acabamento e, por isso, não pode ser feita logo no início. No mais, para redigir bem, não há mistério: é praticar, praticar e praticar.