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Práticos, Úteis e Belos
Publicado em Tue Jan 03 17:40:00 UTC 2012 - Edição 691Não acho que os livros impressos precisem de fato de tanta defesa. São defensáveis por si mesmos. Também não acho que os livros digitais precisem de defesa (no momento, essa defesa aparece sob a forma de propaganda, afinal estão sendo feitos investimentos que necessitam dar retorno financeiro). O cenário que temos hoje é bem típico de uma era de transição. Por isso, não é demais lembrar a história da tecnologia e ter em mente que os nossos hoje onipresentes automóveis também tiveram a sua fase de “carruagem sem cavalo”, isto é, situavam-se num quadro de referências que remetiam ao passado mais imediato. Nesse sentido, não serão os livros digitais uma outra coisa que não exatamente livros? Parece-me que sim. Além disso, se dependem da tecnologia eletrônica e dela são fruto, só há que saudá-los com entusiasmo pelos recursos que oferecem: praticidade, interatividade, indexações mais precisas, etc. Por sua vez, os livros impressos se, por um lado, são “desconectados” ou não dependentes (pelo menos diretamente) da tecnologia eletrônica, por outro continuam a nos oferecer, a seu modo, um espetáculo irretocável, pois, como disse o semiólogo Umberto Eco, “um livro é dessas invenções que não podem ser reinventadas, assim como a roda e a bicicleta”. Enfim, não vejo uma luta entre o impresso e o digital. Vejo que conviverão e se provocarão mutuamente. Características ou tipos atuais de uns e de outros se perderão no caminho, mas o que for prático, útil e belo permanecerá em ambos