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Expatriação requer estratégia da empresa

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Publicado em Sun May 18 19:53:00 UTC 2014 - Edição 815

Um fenômeno surgido com a globalização vem se tornando cada vez mais comum no ambiente corporativo: o grande número de profissionais que se mudam a trabalho para outros países, sozinhos ou acompanhados de suas famílias. Para se ter uma ideia de como esse intercâmbio é recorrente, Pernambuco recebeu, apenas no ano passado, mais de mil profissionais estrangeiros, segundo dados do Ministério do Trabalho. Embora seja uma tendência em todo o mundo, nem todas as empresas se preparam adequadamente para lidar com a expatriação, termo técnico usado para definir o processo que envolve a transferência do profissional de sua empresa de origem para um novo país. Estimativas apontam que os Estados Unidos, um dos principais destinos dos profissionais, gastam nada menos que U$ 2 bilhões por ano devido a expatriações malsucedidas.

Apesar de ser mais comum entre empresas multinacionais, que costumam promover “rodízios” entre seus executivos ao redor do mundo, a contratação de profissionais estrangeiros deve se tornar cada vez mais frequente entre organizações de todos os perfis. Segundo pesquisa publicada no jornal Valor Econômico, os países emergentes, como o Brasil, estão entre os destinos mais comuns, e a tendência é de que esse fluxo aumente significativamente nos próximos anos. A experiência mostra que, quanto mais a empresa investir na preparação, adaptação e de suporte ao profissional estrangeiro, maiores serão as chances de a expatriação ser bem-sucedida e menores os riscos de desistência e quebra de contrato.

Ao contrário do que se pode imaginar em um primeiro momento, um salário “gordo”, atrelado a um pacote de benefícios atrativo, não  é suficiente para garantir o sucesso de uma experiência como essa. É bastante comum que o profissional estrangeiro se mude para o novo país acompanhado do cônjuge e dos filhos, uma vez que o suporte da família é considerado um aspecto fundamental para a sua permanência. Para manter não só o profissional, mas também sua família, por um longo período em um país estranho, é essencial que a empresa — tanto a que recebe como a que envia — ofereça uma estrutura de apoio que dê todo o suporte necessário antes da viagem, na adaptação ao novo país, durante a experiência de trabalho e também, caso seja preciso, no retorno e na recolocação desse profissional em sua empresa de origem.

Para que a empresa possa construir uma política eficaz de expatriação, o profissional de Recursos Humanos tem um papel fundamental. Cabe ao RH, se necessário com o apoio de uma consultoria especializada, desenhar e assessorar os gestores na condução desse processo, formulando uma política eficaz para a empresa, capaz de dar todo o suporte necessário desde a etapa de avaliação dos candidatos até o acompanhamento antes, durante e depois da expatriação. Por se tratar de um processo bastante exigente, envolvendo inúmeras e complexas variáveis, é importante que a empresa mantenha essas práticas definidas e consolidadas, o que aumenta significativamente as chances de sucesso.

Antes da chegada, por exemplo, é importante orientar o profissional e sua família sobre os costumes, a cultura e questões como a segurança no novo país. A empresa deve repassar informações precisas, agilizar as questões burocráticas e legais, orientar e facilitar o acesso a moradia, escola para os filhos, cursos de idiomas, cuidados com a saúde, lazer, compras, entre outros aspectos da nova rotina familiar.  Muitas multinacionais promovem visitas de reconhecimento antes da transferência e, após a chegada, disponibilizam alguém para apoiar a família em um período inicial nas questões práticas do dia a dia e na adaptação à nova vida. Apoiar uma possível especialização ou recolocação profissional do cônjuge é outra medida que impacta positivamente os casos de expatriação, aumentando os índices de permanência.

A oportunidade de ter em seus quadros um profissional de outro país tende a ser uma experiência muito enriquecedora para todos os envolvidos. A empresa que desejar alcançar bons resultados deve, com assessoria do profissional de RH, planejar e oferecer o suporte adequado para a mudança e adaptação do profissional estrangeiro, cuidando de todas as etapas que envolvem esse processo, sem esquecer de dar especial atenção à família, variável que pode fazer toda a diferença.


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