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Perdi Meu Emprego, o que Devo Fazer?
Publicado em Sat Jun 20 12:00:00 UTC 2015 - Edição 872Em tempos de crise, mais cedo ou mais tarde podemos nos deparar com este quadro: chegamos ao trabalho e somos chamados para uma reunião com o nosso superior hierárquico ou com o RH e somos avisados de que a empresa não precisará mais de nossos serviços. Dependendo do tempo que trabalhamos na mesma empresa, da nossa falta de comunicação com o mundo corporativo exterior e da acomodação em adquirir novos conhecimentos, isso pode significar motivo para grande preocupação. A principal dica nesse momento é tentar manter a serenidade e não sair atirando para todos os lados. Tenha calma, o mundo não acabou; muito pelo contrário, pode ser o início de um novo e melhor ciclo na sua vida profissional.
Nos processos de orientação de carreira de executivos e profissionais estratégicos, encontramos muitos exemplos de verdadeiras libertações e ponto de partida para novos e grandes projetos. Em primeiro lugar, comunique à família o que está acontecendo, ela será sua principal aliada nesse momento de transição. Depois calcule quanto tempo você tem de “reservas” e pode sobreviver sem drásticos prejuízos para a sua qualidade de vida. Nada de desespero, tampouco viva de ilusões e esperanças exageradas, e continue com os mesmos gastos, é hora de equilíbrio e maturidade.
Liste todos os seus gastos, compare-os com suas economias (inclua a sua indenização) e veja quantos meses poderá sobreviver sem a fonte de renda perdida. A maioria das pessoas trabalha com 6 meses de autonomia, mas, dependendo da situação da economia da região (no Brasil está bem difícil) e do seu ramo de atividade, pensar em 12 meses não está fora da racionalidade, mas não existe regra definitiva para isso, assim como não podemos prever quanto tempo levará para uma nova contratação.
Reduza seus gastos mensais em algo como 20%, elimine as chamadas “gorduras” ¬— como alimentos dispendiosos e substituíveis, roupas de ocasião, refeições em bons restaurantes ¬—, adie outras despesas anteriormente previstas — como troca do automóvel, viagem ao exterior. Cada um sabe onde o sapato aperta.
Muitas empresas e profissionais procuram serviço especializado de apoio à transição de carreira, em que o profissional terá o suporte de especialista com ampla visão do mercado, que fará a orientação, desde a elaboração de um currículo adequado até a preparação para as entrevistas de emprego. Esses serviços podem fazer a diferença na vida das pessoas, mas não fazem milagres; aliás, fuja de empresas que garantem que o vão recolocar no mercado, não depende unicamente delas, e há muitos fatores envolvidos. Afinal, quem escolhe é a empresa contratante, que tem seus requisitos bem definidos no perfil da posição a ser preenchida.
Nesse momento é preciso que você faça uma autorreflexão e defina o que quer para sua vida nessa nova etapa que se inicia. Se isso não estiver bem claro, comece definindo o que você não quer para sua vida — isso vai ajudar muito a eliminar um peso enorme das costas e já é um bom começo. Liste duas ou três coisas que você acha que são suas melhores expertises, a área em que você se destaca e, antes de qualquer movimento, veja a sua rede de relacionamentos, a famosa network. A rede de relacionamentos é muito importante nesse momento. Pessoas que você conhece, com quem conviveu no trabalho ou frequentou os mesmos cursos, que você ajudou profissionalmente no passado podem ser de grande valia nesse momento.
Na hora da elaboração de um currículo, preste sempre atenção aos detalhes simples e importantes, como: colocar os principais dados pessoais — nome, data de nascimento, estado civil, filhos (se existirem) —, endereço, telefones e e-mail atualizados, seu objetivo profissional (evite colocar objetivos múltiplos e fora de sua formação ou atuação), formação acadêmica (faculdades e ano de conclusão, demais cursos relevantes e idioma com o seu nível de proficiência — atenção, não diga que é fluente se não for, esse ponto será avaliado nas entrevistas). Não deixe de colocar as principais conquistas e realizações em sua trajetória profissional (as empresas checam essas informações).
Evite currículo colorido e de longa extensão, duas páginas são suficientes. Esse documento tem que despertar no selecionador a vontade de chamá-lo para uma entrevista presencial. Nessa ocasião, você terá oportunidade de relatar suas habilidades e será, efetivamente, avaliado para a posição. Por fim, lembre-se de que, desde que existe a relação empresa e empregado, existe o movimento de contratação e desligamento. As empresas bem administradas sobrevivem às crises, assim como os bons profissionais. As crises são cíclicas, as oportunidades continuam existindo, e uma delas pode ser a sua.