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A crise existe, mas não é o fim do mundo
Palestra apresentou sugestões para o empresariado enfrentar o momento difícil. Publicado em Sat Apr 11 21:56:00 UTC 2015 - Edição 862Cuidados com o caixa e com as pessoas que fazem parte da sua empresa, comunicação pautada na transparência e uso frequente da criatividade e inovação. Esses foram os pontos apresentados pelo consultor Francisco Cunha, da TGI Consultoria em Gestão, na noite da última quinta-feira, dia 9, no auditório da consultoria, no Espinheiro para os integrantes da Rede Gestão e convidados. O objetivo do encontro foi mostrar que toda crise passa e que existem maneiras de enfrentá-la e de sentir menos os impactos.
Na sua apresentação, o consultor passeou por vários momentos da economia brasileira mostrando que pior do que a crise em si é o medo dela, pois é esse sentimento que faz com que as empresas parem de investir. Entre os pontos que contribuem para a situação em que a população brasileira vive hoje, segundo Francisco, pode-se ressaltar a desvalorização excessiva do câmbio, o incentivo exagerado ao consumo (como a redução de IPI para a linha branca e veículos), a estatização do crédito (muitas vezes de má qualidade), o abuso da contabilidade criativa, o controle suicida das tarifas pública/preços, a influência forte do Governo no Banco Central e a deterioração continuada do saldo comercial.
Todos esses pontos, citados anteriormente, geram um alto déficit em conta-corrente, superávit primário baixo, dívida bruta alta, baixo crescimento do PIB, inflação alta e juros altos. A revista Veja neste ano publicou que batemos 2014 com o maior déficit em conta-corrente da história. Já o jornal O Estado de S.Paulo afirmou que o mercado prevê uma inflação de 8,12% e um recuo de 0,83% do PIB. Toda essa desarrumação da economia acontece no início do Governo, algo que seria mais possível no final de uma gestão.
Contudo, Francisco Cunha lembrou que a situação já esteve bem pior. Muitos ficaram surpresos quando ele citou que o Brasil já teve uma hiperinflação de 82,39% ao mês. Em sete anos foram sete moedas diferentes. De 1986 até 1993 foram nada menos do que sete planos financeiros (Cruzado, Bresser, Verão, Collor, Real, entre outros), além disso nossa economia teve que superar crises externas como a do México (1994), a dos Tigres Asiáticos (1997), a da Rússia (1997), a da Argentina (1999) e a do Subprime (2008).
Outro ponto interessante foi que as grandes mudanças econômicas aconteceram após grandes eventos históricos traumáticos, como o suicídio de Vargas (1954), a renúncia de Jânio (1961), o parlamentarismo de Jango (1961/63), o Golpe Militar (1964), o impeachment de Collor (1992) e o “Não se Sabe o Quê de Dilma”, em que Francisco Cunha sentenciou que algo deve acontecer e que, provavelmente, será diferente dos fatos já citados.
Todo esse processo de crise econômica severa acaba gerando uma crise política bastante séria, uma alimenta a outra, o que pode acabar resultando em um grave problema: uma crise social. Para evitar chegar a esse estágio, de acordo com o consultor, é necessário um maior cuidado com o caixa, ou seja, retardar alguns investimentos e segurar algumas decisões estratégicas mais onerosas; e a empresa deve reduzir despesas, sem perder qualidade ou capacidade competitiva, buscando sempre aumento de receita. Quando falou sobre o cuidado com as pessoas, Francisco lembrou que os empregados são o maior valor de uma empresa e, se for inevitável fazer algum tipo de corte de pessoal, sempre tratar com respeito aos que saem e preservar o clima para os que ficam.
Outro ponto comentado é o cuidado em ter transparência na comunicação, pois, em tempos de crise, faz-se mais necessária a conversa dos gestores com suas equipes. Já quando Francisco Cunha falou sobre o uso de criatividade e inovação, foi pontuado que os períodos de crise são também propícios para se buscar novas alternativas de abordagem dos clientes ou para criar novos produtos, ficando sempre atento às necessidades dos clientes. O momento pode contribuir para descobertas criativas.
Para encerrar a apresentação, Francisco utilizou da sabedoria do físico teórico alemão, radicado nos Estados Unidos, Albert Einstein, que dizia: “Em momentos de crise, só a imaginação é mais importante que o conhecimento”.