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Dificultadores da Empresa Familiar
Publicado em Sun Mar 31 19:33:00 UTC 2002 - Edição 184A empresa familiar tem uma série de vantagens que, bem aproveitadas, podem se transformar em importantes diferenciais competitivos (Desafio 21/183). Entretanto, é também um ambiente fértil para o surgimento de problemas que, se não forem identificados e tratados a tempo, podem comprometer a gestão, o desempenho e o próprio futuro da organização. Veja algumas das principais dificuldades enfrentadas na empresa familiar, os seus efeitos e algumas sugestões de como superá-las.
Informalidade Excessiva
A informalidade do ambiente familiar pode ser transferida para a empresa. Nesses casos, as regras e normas quase nunca são claras ou definidas e há o predomínio do intuitivo. Sem padrões específicos, prevalece a lógica individualista: cada um faz o que acha certo.
Efeitos: Personalismo das normas, uso da estrutura para a família, controles frágeis e necessidade de fiscalização.
Superação: O mais adequado é definir e consolidar a estrutura de gestão da empresa familiar, investindo na capacitação gerencial e no desenvolvimento das equipes. Os padrões de atuação precisam ser claros e pautados pelo profissionalismo.
Competição Negada
Um dos mitos da empresa familiar é a idéia de que o ambiente de trabalho deve reproduzir a "harmonia" do lar, sem conflitos ou disputas. Os vínculos são idealizados e a competição, embora latente, é negada.Efeitos: A negação dos conflitos termina gerando travamento nas decisões, já que os problemas nunca são de fato explicitados. É comum surgirem subgrupos dentro da empresa, dispersando a força da equipe e minando a estratégia coletiva. Esse quadro termina provocando estresse excessivo em todo o grupo.
Superação: Ao invés de negados, os conflitos precisam ser encarados de forma profissional, com uma abordagem estratégica da competição entre os parentes. Criar mecanismos claros de regulação e definir uma forma legítima de mediação dos problemas tambémajuda na superação desse tipo de dificuldade.
Cultura de "Dono"
Ainda como efeito da transferência direta da cultura familiar para a empresa, os familiares em cargos de gestão podem "vestir a camisa" do "dono", centralizando as decisões em excesso, de forma autoritária. Nesse cenário, o desejo e a opinião pessoal tornam-se lei, numa reprodução do que acontece no ambiente doméstico.
Efeitos: Normalmente cria-se na empresa a cultura do "Manda quem pode, obedece quem tem juízo". Os funcionários desenvolvem uma espécie de lealdade passiva, desempenhando suas funções mais por acomodação e inércia do que por motivação ou comprometimento.
Superação: É importante que haja investimento na profissionalização dos familiares para que eles atuem menos como "donos" e mais como "empresários". Também é facilitador poder contar com o reforço de executivos não familiares que ajudam a consolidar um tipo de autoridade não personalista. Acima de tudo, convém rever esse modelo de atuação centralizadora, investindo na gestão participativa e em outras ferramentas gerenciais adequadas.