O longo período da história brasileira no qual as taxas de inflação foram exageradamente elevadas, aliado às várias crises econômicas que atormentaram o País, fez com que os nossos empresários, principalmente os que estão à frente das pequenas e médias empresas, encarassem com bastante desconfiança o uso dos empréstimos de longo prazo para financiar os investimentos necessários à implantação e ampliação dos seus negócios.

De fato, os empresários brasileiros acostumaram-se a utilizar os bancos muito mais para operações de curto prazo, como desconto de duplicatas e contas garantidas, em vez de se apoiarem no sistema financeiro para alavancar recursos que permitam conduzir com mais tranqüilidade o desenvolvimento dos negócios. Por outro lado, deve-se considerar que o sistema bancário nacional, só há relativamente pouco tempo, passou a ter mais interesse por operações financeiras de prazos mais longos. O próprio BNDES, grande agente financiador da nossa economia, até cerca de quatro anos atrás, não disponibilizava linhas de financiamento para o setor de comércio e de serviços em geral, tendo se concentrado, historicamente, no financiamento às indústrias, principalmente através das linhas da Agência Especial de Financiamento Industrial – Finame.

É com otimismo que se observa uma mudança nesse quadro. Os empresários estão passando a se interessar, aos poucos, por empréstimos de longo prazo, capazes de possibilitar o investimento com recursos de terceiros para todos os itens que compõem o ativo das empresas – construções, instalações, máquinas, veículos, capacitação de recursos humanos, sistemas de informática e, evidentemente, o capital de giro vinculado a esses investimentos. Esse fato é positivo, porque os negócios só podem se desenvolver com duas fontes de financiamento: uma representada pelos recursos próprios, seja dos sócios ou advinda do lucro da empresa, ou a outra, representada pelos recursos de terceiros, no caso os empréstimos disponibilizados pelo sistema financeiro.

Nesse ponto, é preciso ressaltar a importância do planejamento financeiro, particularmente dos projetos para obtenção de empréstimos junto aos bancos. A falta de experiência, no que se refere à obtenção de recursos de longo prazo junto ao sistema bancário, faz com que muitos empresários, principalmente os pequenos e médios, sejam levados a "misturar" as necessidades financeiras de curto prazo com as de longo prazo, cometendo, por vezes, o antigo erro de confundir "apurado com lucro". Quando esse erro acontece, as coisas podem ficar muito complicadas, levando a sério problemas financeiros. É preciso saber que "uma coisa" é a necessidade de recursos de curto prazo, de giro, e "outra coisa" é a necessidade de recursos de longo prazo, de investimento, que só deve ser levada adiante à luz de um bom projeto econômico-financeiro. Ressalte-se, no caso, que atualmente no Brasil existe disponibilidade de recursos de linhas de financiamento de longo prazo, com taxas de juros muito mais baixas do que as observadas para os empréstimos de curto prazo, e, além do mais, para pagamento em até oito anos, incluindo o período de carência.