Nada mais ultrapassado do que a velha imagem do contador (antigamente chamado de "guarda-livros"), fazendo um trabalho basicamente burocrático, em meio a uma montanha de papéis, cálculos e relatórios. A contabilidade está entrando no novo milênio de cara nova e ocupando um papel cada vez mais estratégico na gestão das empresas. "A figura tradicional do contador está em extinção", assinala José Emílio Calado, diretor da JCR & Calado Auditores e Consultores Associados. "O profissional de contabilidade que quiser assegurar o seu lugar no futuro precisa ter consciência de seu novo papel e da ampliação de suas competências", disse, durante palestra sobre o novo profissional de contabilidade, em seminário para alunos da Universidade Católica de Pernambuco.

A contabilidade, como muitas outras profissões, está vivendo uma revolução silenciosa, na opinião de Calado. Os antigos setores contábeis das empresas, mesmo grandes, com vários profissionais empenhados em tentar botar ordem numa montanha de números e operações de crédito e débito são, cada vez mais, coisa do passado. A tecnologia e uma nova visão do papel do contabilista são os principais responsáveis por esta mudança. "Nas empresas do futuro, a contabilidade será feita por poucas pessoas e o processo ganhará em agilidade, com todos os lançamentos contábeis feitos simultaneamente aos processos de negócios".

Do burocrata afogado em números, o profissional de contabilidade - que hoje está sendo substituído pela figura do controller - passa a ter um novo papel. Segundo Calado, é imprescindível que este novo profissional conheça profundamente: (1) os principais processos da empresa em que ou para a qual trabalha; (2) a realidade do mercado financeiro; (3) economia - sendo capaz de analisar os impactos que as mudanças econômicas trazem para a empresa; (4) tecnologia da informação; (5) legislação tributária; e (6) administração financeira.

"O contador do próximo milênio será um profissional capaz de analisar com competência a realidade do mercado e dar todo o respaldo técnico para que o empresário possa planejar e tomar decisões, baseado na sua interpretação dos números contábeis", afirma. O diretor da JCR assegura que, para quem estiver em sintonia com as novas exigências do mercado, a contabilidade será uma área promissora e atrativa. "A profissão tem futuro, mas apenas para aqueles contabilistas que se prepararem para ele", diz. "As universidades também devem preocupar-se com atualização de seus currículos sob o risco de formarem profissionais aptos apenas para trabalhar nas empresas do passado", alerta.