A recente briga travada por inúmeros estados brasileiros para receber a instalação da fábrica da Ford no País trouxe à tona uma evidência. Apesar de ter perdido o empreendimento para a Bahia, Pernambuco entrou no jogo com condições de vencer e mostrou que possui diferenciais competitivos suficientes para atrair investimentos de grande porte. Mão de obra qualificada, infra-estrutura, posição geográfica estratégica, tamanho do mercado consumidor e um pólo desenvolvido na área de ciência e tecnologia são alguns fatores que colocam Pernambuco em uma posição de destaque no cenário nacional, acenando para a retomada do desenvolvimento do Estado no início deste novo século.

A infra-estrutura foi o fator determinante para a instalação da fábrica da Indústria Muller, em operação desde novembro do ano passado, no Cabo de Santo Agostinho.

"A oferta de mão-de-obra qualificada e a boa base tecnológica fizeram com que decidíssemos instalar em Pernambuco a nossa segunda fábrica no País", diz João Caetano de Melo Neto, diretor-superintendente da empresa, que fabrica, entre outros produtos, a Caninha 51 e o Conhaque Domus. A Muller produz 350 mil caixas por mês e gera 250 empregos diretos. Na avaliação de Melo Neto, além de diferenciais competitivos, Pernambuco apresenta, ainda, uma política de incentivos atrativa para possíveis investidores. "Nosso contato com o Governo do Estado, tanto o último como o atual, sempre foi rápido e objetivo, o que também conta pontos na hora de decidir para onde vai o investimento", observa.

As vantagens de Pernambuco, apontadas pelo empresário, estão de acordo com o que a economista Tânia Bacelar conceitua como os novos paradigmas internacionais de competitividade. "Os estudos internacionais destacam alguns fatores que tendem a ganhar importância", observa. Destes, ela destaca três : (1) a acessibilidade (dada por uma boa oferta de infra-estrutura e de bons serviços de transportes, comunicações, entre outros) é cada vez mais valorizada no mundo em que os fluxos econômicos circulam cada vez mais e com maior rapidez ; (2) uma boa oferta de recursos humanos qualificados também tende a ser crescentemente valorizada por novos investidores e por empresários já instalados num lugar, face às características dos novos paradigmas tecnológico, produtivo e gerencial ; e (3) uma boa base de infra-estrutura de Ciência e Tecnologia e uma boa oferta de serviços tecnológicos (em especial laboratórios de ensaio e de metrologia) são cada vez mais importantes como fator de competitividade, dada a importância crescente da inovação e busca da qualidade nos produtos e nos processos produtivos.