Após a frustrada contagem regressiva para o fim do mundo, uma outra previsão catastrófica está tirando o sono das pessoas, em especial dos usuários de computadores. Reeditando um certo clima de histeria coletiva nos quatro cantos do planeta, o vilão do momento é o "Bug" do Milênio, uma "falha" operacional presente na maior parte dos equipamentos eletrônicos e que provocaria uma pane generalizada nos sistemas assim que os relógios marcarem o primeiro segundo do ano 2000. Organizações de todo mundo estão investindo bilhões de dólares para evitar problemas com o Bug. Já o usuário comum, que utiliza o computador em casa ou no trabalho, pode proteger-se da virada do milênio testando o hardware de seu computador com um dos vários programas de análise distribuídos gratuitamente na Internet. Segundo os especialistas, com alguns cuidados básicos é possível ficar imune aos riscos do Bug.

"No início dos serviços de informação, a memória era extremamente cara e, para economizar, os sistemas identificavam o ano apenas com os últimos dois dígitos", explica André Vasconcelos, diretor da H&S - Implantação e Manutenção, integrante da Rede Gestão. Dessa forma, na mudança de 1999 para o ano 2000, o 00 poderá ser identificado como 1900, provocando erros de cálculos e falhas no funcionamento dos sistemas. Mas, segundo André, o usuário doméstico que utiliza basicamente o ambiente Windows e os programas Word e Excel não terão muitos problemas. "Em muitos casos basta ajustar o relógio do Windows", afirma. No Windows 95 e 98, deve-se clicar no ícone "My Computer", em seguida Control Panel e, depois, Regional Settings. Selecionar DataTab e alterar o formato dia/mês/ano com dois dígitos para dia/mês/ano com quatro dígitos, especificando o ano 2000.

Para os mais precavidos, há a possibilidade de baixar da Internet uma série de programas que analisam o hardware do computador, identificando se haverá problemas com o Bug do Milênio. Os mais utilizados são o chk.2000.exe; holmesck.exe; viewcmos.exe; y2k.exe e year2000.exe. Eles estão disponíveis em milhares de páginas sobre o Bug, como na www.zaz.com.br/estiloweb/bug. No caso de serem detectados problemas, os consultores orientam o usuário a procurar a assistência técnica.

Para as empresas, as perspectivas são mais pessimistas. Na opinião da consultora Ana Cláudia Barros Sobrinho, da JCR & Calado, é necessário um grande esforço coletivo para evitar que o Bug traga prejuízos graves. "Não basta apenas corrigir os sistemas de sua organização. O empresário deve se certificar que seus fornecedores, clientes, distribuidores e todos os envolvidos nessa cadeia estejam também preparados para esta realidade", opina. Para Ana Cláudia, esperar soluções por parte dos fabricantes não é a decisão mais acertada. "A palavra-chave para tentar amenizar o efeitos deste problema é a negociação com os parceiros comerciais e a conscientização de todos os envolvidos na cadeia econômica".