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Revisão, o olho vivo da qualidade
Publicado em Sun Aug 26 15:28:00 UTC 2001 - Edição 153
"Ah, eu mesmo reviso!" Eis uma frase freqüente que sinaliza para duas coisas: uma positiva e outra negativa. A positiva é que reconhece a necessidade elementar de uma revisão, quer gráfica, quer textual. A negativa é que não reconhece que o próprio autor/redator, por mais competente que seja, é completamente suspeito para revisar a própria criação. Claro que pode e até deve revisá-la, mas há de compreender que sua revisão, por causa do seu próprio condicionamento, pode lhe valer muito pouco.
O revisor amador vive em todos nós, continuará vivendo e é bom que viva. Ele incorpora nosso senso crítico, nossa experiência, nossas informações. Portanto, todos somos revisores. Ninguém, de sã consciência, deseja errar, falhar, comunicar-se mal. E o revisor, o amador ou o profissional, é o amigo de que precisamos para uma interlocução que busque, acima de tudo, qualidade. Os países mais desenvolvidos, sobretudo os de cultura anglo-saxã, têm uma tradição que privilegia a revisão, o que os posiciona como excelentes e caprichosos editores. Para eles, o revisor sempre foi quase uma espécie de superleitor a quem se delegou a missão de zelar pela qualidade, conforme anota Alberto Manguel em seu excelente livro Uma história da leitura.
Prática multissecular, a revisão tem passado por sucessivas mudanças e impactos. Suas exigências profissionais marcharam de par com a tecnologia e a História. Se o espírito permaneceu o mesmo, mudaram substancialmente a forma e o aparato. No momento, por exemplo, com os avanços da Era Digital, o computador e seus recursos de edição de texto tornaram a revisão profissional mais exigente. Isso significa que a eliminação sumária de erros grosseiros de ortografia, digitação e concordância abre caminho para um desempenho mais intelectual do revisor. Por outro lado, a velocidade digital conspira contra o texto, favorecendo outros tipos de falhas, ambigüidades e sobressaltos.
Como olho vivo da Qualidade, a revisão profissional está atenta a um sem-número de pormenores (grafias, símbolos, abreviaturas, repetições, datas, pontuação, etc.) que, para o leitor apressado ou pouco exigente, podem passar despercebidos. Sua prática, através de uma leitura lenta, é, a rigor, um exercício de descondicionamento e desautomação. Além disso, se é de fato uma boa revisão, os aspectos comunicativos do texto devem ser privilegiados em detrimento da mera gramatiquice ou do purismo vernacular, isso, claro, variando de acordo com o contexto e o meio (impresso, anúncio, livro, etc.) em que se faça a revisão.
A revisão traz também outro benefício: diminui a solidão do redator. Por isso, não se trata, como habitualmente se pensa, de ver e apontar "erros" por toda parte. Afinal de contas, todo redator sabe que o plano da expressão, ao contrário do que foi ensinado na escola, é que é o essencial. Mas esse é mais um motivo por que também textos de bons redatores precisam de uma revisão profissional. Com ela ou por causa dela, eles estarão mais livres e soltos para criarem, mais seguros para publicarem. O olho vivo da qualidade sempre pode aprimorar diversos tipos de trabalho e, o que é melhor, evitar prejuízos financeiros e dissabores os mais variados.
O revisor amador vive em todos nós, continuará vivendo e é bom que viva. Ele incorpora nosso senso crítico, nossa experiência, nossas informações. Portanto, todos somos revisores. Ninguém, de sã consciência, deseja errar, falhar, comunicar-se mal. E o revisor, o amador ou o profissional, é o amigo de que precisamos para uma interlocução que busque, acima de tudo, qualidade. Os países mais desenvolvidos, sobretudo os de cultura anglo-saxã, têm uma tradição que privilegia a revisão, o que os posiciona como excelentes e caprichosos editores. Para eles, o revisor sempre foi quase uma espécie de superleitor a quem se delegou a missão de zelar pela qualidade, conforme anota Alberto Manguel em seu excelente livro Uma história da leitura.
Prática multissecular, a revisão tem passado por sucessivas mudanças e impactos. Suas exigências profissionais marcharam de par com a tecnologia e a História. Se o espírito permaneceu o mesmo, mudaram substancialmente a forma e o aparato. No momento, por exemplo, com os avanços da Era Digital, o computador e seus recursos de edição de texto tornaram a revisão profissional mais exigente. Isso significa que a eliminação sumária de erros grosseiros de ortografia, digitação e concordância abre caminho para um desempenho mais intelectual do revisor. Por outro lado, a velocidade digital conspira contra o texto, favorecendo outros tipos de falhas, ambigüidades e sobressaltos.
Como olho vivo da Qualidade, a revisão profissional está atenta a um sem-número de pormenores (grafias, símbolos, abreviaturas, repetições, datas, pontuação, etc.) que, para o leitor apressado ou pouco exigente, podem passar despercebidos. Sua prática, através de uma leitura lenta, é, a rigor, um exercício de descondicionamento e desautomação. Além disso, se é de fato uma boa revisão, os aspectos comunicativos do texto devem ser privilegiados em detrimento da mera gramatiquice ou do purismo vernacular, isso, claro, variando de acordo com o contexto e o meio (impresso, anúncio, livro, etc.) em que se faça a revisão.
A revisão traz também outro benefício: diminui a solidão do redator. Por isso, não se trata, como habitualmente se pensa, de ver e apontar "erros" por toda parte. Afinal de contas, todo redator sabe que o plano da expressão, ao contrário do que foi ensinado na escola, é que é o essencial. Mas esse é mais um motivo por que também textos de bons redatores precisam de uma revisão profissional. Com ela ou por causa dela, eles estarão mais livres e soltos para criarem, mais seguros para publicarem. O olho vivo da qualidade sempre pode aprimorar diversos tipos de trabalho e, o que é melhor, evitar prejuízos financeiros e dissabores os mais variados.