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A internet e as relações humanas
Publicado em Sun Nov 07 15:09:00 UTC 1999 - Edição 60
À medida que a Internet amplia seus domínios aparentemente ilimitados cresce também a polêmica. Seria a grande rede, com seu enorme poder de disseminar a informação, um instrumento de agregação social ou uma ferramenta individualista que nos excluí do convívio humano, nos isola e, portanto, nos faz mais fracos sem o outro? A resposta para essa questão está longe do consenso.
"É importante que haja uma reflexão sobre os caminhos que a Internet está tomando", assinala o economista Paulo Dalla Nora Macêdo, assessor de Planejamento do Grupo Nordeste, diretamente de São Francisco na Califórnia, Universidade de Berkeley, vizinha do Vale do Silício, onde faz pós-graduação em Marketing. Uma de suas principais críticas é dirigida aos "gurus" do ciberespaço, reverenciados como os novos comandantes do destino da humanidade, capazes de mudar nossas vidas num clique. "Não faria mal algum a essa gente um pouco de humildade e informação histórica para aprender que já passamos por outras revoluções tecnológicas e, no entanto, as nossas necessidades e aspirações continuam basicamente as mesmas. A velha pirâmide de Maslow continua, em muitos aspectos, atual", opina Macêdo.
O economista observa que, enquanto prossegue a enfadonha discussão sobre a extensão da fortuna de Bill Gates, o supremo guru, a Internet vai absorvendo cada vez mais pessoas e instituições. Nessa onda digital, até a arte está sendo cooptada. "Os principais museus e galerias do mundo já trataram de criar seu site, onde podemos apreciar milhares de obras de arte dos mais variados estilos e épocas". Seguindo a tendência de inovação, já está se falando em uma forma de arte inteiramente digital, acessível apenas pela Internet. Nessa nova forma de arte não existiria original e reprodução, uma vez que tudo não passaria de bits e bytes. "Apesar de toda essa tecnologia, muito dificilmente será possível encontrar algo que venha a rivalizar com a experiência única de se sentir pessoalmente integrado a uma expressão artística, seja ela um quadro ou uma peça teatral. Nesse momento nos identificamos como parte do mesmo grupo, da mesma sociedade que foi capaz de criar aquela obra de arte".
Para Macêdo, nunca devemos esquecer que o ser humano é um animal essencialmente social, que depende do outro para viver e evoluir. Essa evolução, lembra, sempre foi baseada na convivência mútua, desde os tempos em que o homem começou a se organizar em grupos para caçar, passando pelos gregos com seus grupos políticos, até os dias de hoje. "Tudo o que fazemos tem como combustível o desejo de nos integrar em um grupo, para o relacionamento com outras pessoas". Trata-se de uma realidade que nem os gurus, nem o amplo poder de fogo da Internet podem questionar. E que certamente vai influenciar os rumos da Rede neste novo milênio.
"É importante que haja uma reflexão sobre os caminhos que a Internet está tomando", assinala o economista Paulo Dalla Nora Macêdo, assessor de Planejamento do Grupo Nordeste, diretamente de São Francisco na Califórnia, Universidade de Berkeley, vizinha do Vale do Silício, onde faz pós-graduação em Marketing. Uma de suas principais críticas é dirigida aos "gurus" do ciberespaço, reverenciados como os novos comandantes do destino da humanidade, capazes de mudar nossas vidas num clique. "Não faria mal algum a essa gente um pouco de humildade e informação histórica para aprender que já passamos por outras revoluções tecnológicas e, no entanto, as nossas necessidades e aspirações continuam basicamente as mesmas. A velha pirâmide de Maslow continua, em muitos aspectos, atual", opina Macêdo.
O economista observa que, enquanto prossegue a enfadonha discussão sobre a extensão da fortuna de Bill Gates, o supremo guru, a Internet vai absorvendo cada vez mais pessoas e instituições. Nessa onda digital, até a arte está sendo cooptada. "Os principais museus e galerias do mundo já trataram de criar seu site, onde podemos apreciar milhares de obras de arte dos mais variados estilos e épocas". Seguindo a tendência de inovação, já está se falando em uma forma de arte inteiramente digital, acessível apenas pela Internet. Nessa nova forma de arte não existiria original e reprodução, uma vez que tudo não passaria de bits e bytes. "Apesar de toda essa tecnologia, muito dificilmente será possível encontrar algo que venha a rivalizar com a experiência única de se sentir pessoalmente integrado a uma expressão artística, seja ela um quadro ou uma peça teatral. Nesse momento nos identificamos como parte do mesmo grupo, da mesma sociedade que foi capaz de criar aquela obra de arte".
Para Macêdo, nunca devemos esquecer que o ser humano é um animal essencialmente social, que depende do outro para viver e evoluir. Essa evolução, lembra, sempre foi baseada na convivência mútua, desde os tempos em que o homem começou a se organizar em grupos para caçar, passando pelos gregos com seus grupos políticos, até os dias de hoje. "Tudo o que fazemos tem como combustível o desejo de nos integrar em um grupo, para o relacionamento com outras pessoas". Trata-se de uma realidade que nem os gurus, nem o amplo poder de fogo da Internet podem questionar. E que certamente vai influenciar os rumos da Rede neste novo milênio.