"O Brasil é apaixonado por futebol". Isso todo mundo já sabe. O que pouco se sabe, ou pelo menos pouco se fala, é dos prejuízos que esta paixão pode causar quando aplicamos nas empresas alguns conceitos que dão certo exclusivamente no futebol.

Já há algum tempo pode-se perceber que o futebol brasileiro tem passado por transformações profundas em direção a uma maior profissionalização, no entanto é e sempre será um esporte com algumas particularidades não encontradas em nenhum outro esporte coletivo.

Apesar de nos ensinar muito quando a matéria é improviso, algo que se aplica a todo o instante no dia-a-dia das empresas, outros pontos também precisam ser considerados.

Não sei se você já parou para pensar nisso, mas raramente se vê no basquete, no vôlei, no futsal, ou em qualquer outro esporte coletivo uma zebra. Já no futebol, isso é, até certo ponto, comum.

Na maioria dos esportes praticados em equipe, sempre está presente a figura do capitão, do líder, do atleta de maior destaque, no entanto, dificilmente, o sucesso ou o fracasso do time é atribuído a um único jogador. Diferentemente do que acontece no futebol, em quaisquer dessas modalidades não se consegue fazer um bom trabalho se um integrante da equipe é expulso, não se consegue manter um bom ritmo se você não tiver a equipe inteira (inclusive o banco de reservas) em boas condições de entrar no jogo; as substituições durante a partida são consideradas normais e encaradas com naturalidade até pelos atletas de maior prestígio.

Nenhum esporte depende tanto do talento e da inspiração individual de apenas um ou alguns poucos jogadores, para alcançar a vitória, como o futebol. Enquanto isso, nos outros esportes citados, o sentimento de equipe está muito mais presente, existe uma consciência muito mais clara de que todos dependem de todos, de que a única forma de se conseguir o sucesso é não centralizar sobre um grupo restrito a responsabilidade que deve recair sobre todos.

Trazendo o assunto para a nossa área de interesse, devemos estar alertas no sentido de evitar que a cultura do futebol entre de tal forma em nossas mentes que nos impossibilite de ver que uma empresa, hoje em dia, deve estar trabalhando de forma muito mais semelhante a um time de basquete, no qual todos são importantes, do que a uma equipe de futebol, em que, na maioria dos casos, tem-se um grupo seleto de estrelas e uma grande maioria de coadjuvantes.

Empresas que sabem valorizar o seu capital humano com certeza estão à frente, e as pessoas que as dirigem podem até gostar de assistir futebol no final da semana, mas, de segunda a sexta, optam por se inspirar no basquete. Walter Giusepe Manzi, procurador da Fazenda Nacional