As profundas mudanças que atingiram o ambiente corporativo nos últimos anos provocaram uma verdadeira redefinição nos papéis exercidos por profissionais das mais diversas áreas, nas empresas e instituições. Em meio a essa nova realidade, a atuação do psicólogo nas organizações merece atenção especial. "Esta nova conjuntura, muito mais exigente em relação à produção de saberes, requer uma nova abordagem do objeto da ação do psicólogo", constata a psicanalista Cármen Cardoso, sócia da TGI Consultoria em Gestão e do INTG, que, na última semana, realizou palestra, na sede do INTG, no Espinheiro, para profissionais da área sobre O Psicólogo na Organização: Questões e Reflexões, em uma promoção do Conselho Regional de Psicologia.

Para Cármen, essa nova visão exige do psicólogo uma capacidade de atuação multidisciplinar, na qual não há mais espaço para a idéia de exclusividade. "Os focos de sua atuação deixam de ser os indivíduos e seus comportamentos, como no passado, e passam a ser os sujeitos e seus vínculos, numa abordagem simultaneamente psicológica e social." Nesse ambiente, sai de cena o profissional com uma postura meramente operacional. "O psicólogo deve ter o compromisso de criar resultados para toda a organização, com o objetivo permanente de assessorar os gestores de forma estratégica, em função dos desafios da condução dos negócios."

Sua ação, de caráter estra-tégico, é construída com base em diversos mecanismos estruturadores. (1) Ação de Interface – trabalhar em espaços intermediários com outros agentes organizacionais; consolidar a ação do cliente, dando a ela mais qualidade. (2) Articulação Permanente – articular e integrar espaços e agentes envolvidos; mediar negociações internas ou conflitos. (3) Metaespecialização – ser especialista em especializar gerentes; apoiar o gerente; assegurar relação de co-responsabilidade e parceria. (4) Atenção às Resistências – enfrentar resistências intrínsecas e inevitáveis; manter uma permanente atenção aos fatores da resistência. (5) Compromisso com Resultados – ações interligadas às prioridades da organização; reforço à consistência das ações dos clientes.

“O psicólogo deve saber lidar com a dimensão psicossocial das relações de trabalho, atuando com foco no desenvolvimento das equipes e no clima organizacional, incentivando a mobilização, o orgulho e o comprometimento”, observa. Outras atitudes estratégicas, segundo Cármen, são a sintonia com a realidade, com uma posição ativa frente ao futuro, a integração e a construção de vínculos, além do estímulo ao desenvolvimento da autonomia e da co-responsabilidade.