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Pontualidade, um valor competitivo
Publicado em Sun Feb 13 16:18:00 UTC 2000 - Edição 74
A pontualidade, seja na vida pessoal, seja, sobretudo, na vida profissional é uma necessidade que, cada vez mais, vai se impondo como imprescindível. Hoje em dia, o impontual é uma pessoa que perde capacidade de competir. Para falar sobre um tema tão importante, a Coluna entrevistou Paulo Gustavo, sócio da Consultexto, integrante da Rede Gestão.
No Brasil, a impontualidade é uma regra ou uma exceção?
Quem nunca sofreu por pontualidade ou por sua falta? Millôr Fernandes, numa de suas famosas tiradas, já a identificou com uma "longa solidão". De fato, no Brasil, há uma solidão de quem segue à risca o dever de ser pontual. O Brasil, de modo geral, é impontual: perde a hora de estar presente, atrasa seus compromissos. A rigor, perde muito mais do que se imagina. Perde dinheiro, investimentos, oportunidades, confiança. Perde, enfim, um valor competitivo.
A impontualidade do brasileiro é cultural?
Muito mais que pessoal, nossa contumaz impontualidade é fruto de nossa formação cultural. Há quem diga que vem da África a relação do brasileiro com o tempo. Não seríamos propriamente impontuais, mas teríamos com o tempo um relacionamento diferente, menos rigoroso e racional do que o dos grandes centros da cultura ocidental. Daí ser tão fácil fugirmos a uma pontualidade britânica, driblando a hora exata com mil e um argumentos e pretextos. Mesmo assim, continuamos, lá no fundo de nossas consciências, vítimas de uma pontualidade sempre sonhada e nunca ou poucas vezes atingida.
Aparentemente, buscamos a pontualidade. Se é assim, é preciso racionalizar o uso do tempo, adequando-o à realidade. No entanto, o contrário é que é o mais freqüente: tratamos o tempo de uma maneira mágica, como se ele estivesse a nosso serviço e tivesse a elasticidade de nossos desejos. A realidade, então, desaba sobre nós: prazos ignorados, palavra descumprida, qualidade deteriorada, produtos e serviços comprometidos...
O que fazer para superar essa grande dificuldade?
Numa época movida pelo gás da agilidade, na qual a concorrência (nunca é demais dizê-lo) é extremamente acirrada, a falta continuada de pontualidade pode custar muito mais que um mero pedido de desculpas, pode significar insatisfação e perda do cliente, além de prejuízo financeiro e desgaste para a imagem da empresa.
Que haja um esforço para vencer limites humanos, éticos ou culturais com relação à organização do tempo. Para isso, não precisamos ser britânicos ou germanicamente rigorosos. Basta termos em mente o prejuízo que podemos acumular ou, por outro lado, os inúmeros benefícios que uma pontualidade à brasileira pode trazer para pessoas e organizações.
No Brasil, a impontualidade é uma regra ou uma exceção?
Quem nunca sofreu por pontualidade ou por sua falta? Millôr Fernandes, numa de suas famosas tiradas, já a identificou com uma "longa solidão". De fato, no Brasil, há uma solidão de quem segue à risca o dever de ser pontual. O Brasil, de modo geral, é impontual: perde a hora de estar presente, atrasa seus compromissos. A rigor, perde muito mais do que se imagina. Perde dinheiro, investimentos, oportunidades, confiança. Perde, enfim, um valor competitivo.
A impontualidade do brasileiro é cultural?
Muito mais que pessoal, nossa contumaz impontualidade é fruto de nossa formação cultural. Há quem diga que vem da África a relação do brasileiro com o tempo. Não seríamos propriamente impontuais, mas teríamos com o tempo um relacionamento diferente, menos rigoroso e racional do que o dos grandes centros da cultura ocidental. Daí ser tão fácil fugirmos a uma pontualidade britânica, driblando a hora exata com mil e um argumentos e pretextos. Mesmo assim, continuamos, lá no fundo de nossas consciências, vítimas de uma pontualidade sempre sonhada e nunca ou poucas vezes atingida.
Aparentemente, buscamos a pontualidade. Se é assim, é preciso racionalizar o uso do tempo, adequando-o à realidade. No entanto, o contrário é que é o mais freqüente: tratamos o tempo de uma maneira mágica, como se ele estivesse a nosso serviço e tivesse a elasticidade de nossos desejos. A realidade, então, desaba sobre nós: prazos ignorados, palavra descumprida, qualidade deteriorada, produtos e serviços comprometidos...
O que fazer para superar essa grande dificuldade?
Numa época movida pelo gás da agilidade, na qual a concorrência (nunca é demais dizê-lo) é extremamente acirrada, a falta continuada de pontualidade pode custar muito mais que um mero pedido de desculpas, pode significar insatisfação e perda do cliente, além de prejuízo financeiro e desgaste para a imagem da empresa.
Que haja um esforço para vencer limites humanos, éticos ou culturais com relação à organização do tempo. Para isso, não precisamos ser britânicos ou germanicamente rigorosos. Basta termos em mente o prejuízo que podemos acumular ou, por outro lado, os inúmeros benefícios que uma pontualidade à brasileira pode trazer para pessoas e organizações.