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Sociedade Caórdica (3/6) A Segunda Responsabilidade de um Administrador
Publicado em Sun Mar 21 17:36:00 UTC 2004 - Edição 286Já tivemos a oportunidade de falar sobre o modelo da Sociedade Caórdica, com seus propósitos, princípios, seu capital humano, seus conceitos, sua estrutura e prática. Falamos, também, sobre a primeira responsabilidade de um administrador, que é liderar a si mesmo, dedicando, assim, 50% do seu tempo e da sua capacidade a si próprio. Para atingir esse objetivo, precisaríamos desenvolver nosso lado humanístico, lembrando sempre esta máxima: “Sou tão grande para mim mesmo quanto você é para si mesmo, portanto, somos iguais” (Dee Hock).
Convido-o a liderar a si mesmo, liderar seus superiores, liderar seus iguais, empregar bons colaboradores e deixá-los livres para fazer o mesmo. Sim, essa é a segunda responsabilidade de um administrador. Dedique 25% do seu tempo diário e de sua capacidade nessa empreitada, que é administrar seus superiores.
Você deve estar se perguntando: “Como administrá-los: sócios, patrões, diretores, gerentes, clientes, fornecedores, governantes?” A resposta é óbvia: não dá. Mas dá para entendê-los? Persuadi-los? Motivá-los? Inquietá-los? Dá para influenciá-los? Perdoá-los? Conduzi-los? Liderá-los?
Claro que sim. Contanto que você tenha liderado corretamente a si mesmo, pois, só assim, você será um exemplo a ser seguido. O comportamento forçado é a essência da tirania. O comportamento induzido é a essência da liderança. Os dois podem ter o mesmo objetivo, mas um tende para o mal; o outro, para o bem.
É importante lembrar que a verdadeira liderança e o verdadeiro comportamento induzido podem ser construtivos ou destrutivos, mas eles têm uma tendência inerente ao bem, enquanto a tirania e o comportamento forçado têm uma tendência inerente ao mal.
Um líder pressupõe um seguidor. Um seguidor pressupõe uma escolha. Quem é coagido não é um seguidor no verdadeiro sentido da palavra, mas um objeto de manipulação. O fato das duas partes aceitarem o domínio e a coerção também não altera substancialmente o relacionamento. O ato de liderar e o ato de seguir pressupõem que líder e seguidor tenham liberdade permanente para romper a relação e partir para outro caminho, envolvendo liberdade e pensamentos distintos. Se o comportamento de um deles é forçado, seja por necessidade econômica ou por arranjo contratual, a relação passa a ser de superior–subordinado, patrão–empregado. Todas essas relações são materialmente diferentes da relação líder–seguidor.
Assim, nós podemos administrar os que têm autoridade sobre nós. Num mundo organizado, há sempre pessoas com essa autoridade. Precisamos de seu consentimento e apoio para nos deixar guiar pela convicção, exercer o julgamento, usar a capacidade criativa, ser inovadores, atingir resultados construtivos e para criar condições em que os outros possam fazer o mesmo.
Discuta com seus amigos como é liderar nossos superiores. No próximo artigo da série, falaremos de como liderar seus iguais. Boa sorte!