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Mais importante que falar inglês é falar bem português

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Publicado em Sun Apr 02 17:42:00 UTC 2000 - Edição 80
Tudo vai bem no encontro de negócios até que aquele profissional superqualificado comenta com os seus clientes: "Houveram dificuldades, mas a nível de resultados a empresa é lucrativa."

Pronto. Apenas uma frase, com dois erros crassos de português, é suficiente para fazer um estrago significativo, mesmo em um currículo estrelado por PhDs ou MBAs. O fato é que poucas coisas comprometem mais a imagem de um profissional do que demonstrar desconhecimento em relação à própria língua. Falar ou escrever errado, cometendo deslizes gramaticais freqüentes, é um fator que arranha a competitividade do profissional - em entrevistas de emprego ou seleção, por exemplo, significa vários pontos a menos na avaliação do candidato. Para quem anda maltratando a língua pátria, uma dica. "O idioma é uma ferramenta de trabalho essencial. O erro de Português, além de vexatório, compromete a imagem de qualidade que qualquer profissional precisa transmitir", diz Paulo Gustavo, sócio e redator da Consultexto, empresa integrante da Rede Gestão.

Para Paulo Gustavo, a língua portuguesa vem sendo vítima de um verdadeiro massacre. "Hoje não se cometem mais os erros de antigamente, uma letra trocada ou um escorregão gramatical", analisa. "São erros profundos, de lógica, de absoluta falta de intimidade com a língua pátria". O problema, segundo ele, tem raízes históricas. Começa nas mudanças que atingiram a sociedade brasileira principalmente a partir da década de 60, passa pelas falhas na educação formal e resulta no quadro atual,em que o descuido com a língua é flagrante, mesmo entre a parcela da população com maior grau de instrução.

O reflexo pode ser visto também nas empresas e organizações. Até profissionais capacitados cometem uma sucessão constrangedora de erros de português. Há algo pior do que ouvir alguém falando "houveram", "menas", "perca", "possa ser" ou a famigerada expressão "a nível de"? Embora grave, o problema ainda não parece ter despertado a atenção no ambiente corporativo. É comum que executivos e profissionais dediquem parte do seu tempo a aulas de inglês, informática, cursos de extensão e aperfeiçoamento, mas poucos já incluem entre as atividades uma atualização em língua portuguesa.

Paulo Gustavo vê um início de mudança nesse quadro. "Naturalmente, alguns setores empresariais já perceberam que um bom domínio verbal é um diferencial de competitividade. Falar, escrever, comunicar-se bem será, cada vez mais, uma exigência cotidiana", observa. Para quem quer começar, a saída está ao alcance da mão. Ler bastante é a regra principal. Além disso, há vários livros no mercado que ajudam na tarefa de manter o português sempre em dia. A Internet também pode ser um bom ponto de partida. Há várias páginas na rede que relacionam os erros mais comuns, dão dicas de redação empresarial e facilitam a vida de quem deseja ter mais intimidade com a nossa língua. "Enfim, apenas mais cuidado e atenção", resume Paulo Gustavo.

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