Estamos presenciando, cada vez mais, organizações incapazes de alcançar seu propósito de criação, mas que se expandem consumindo seus parcos recursos, aviltando o espírito humano e destruindo o ambiente. São “as escolas que não conseguem ensinar; universidades nada universais; corporações que não conseguem cooperar nem competir, só se consolidar; sistemas de saúde público e privado insalubres; sistemas de bem-estar social em que ninguém passa bem; sistemas agrícolas que destroem o solo e envenenam o alimento; polícia que não consegue garantir a lei; sistemas judiciais sem justiça; entre outras”.

Essas afirmações citadas por Dee Hock em seu trabalho Nascimento da Era Caórdica (Editora Cultrix), na década de 70 — tema da série de artigos que hoje chega ao fim —, estão atualizadíssimas em relação à nossa sociedade. Essa falência universal acelerada, segundo Dee Hock, sugere que há uma profunda pergunta que não fizemos, uma falha fundamental que ignoramos na condução das relações sociais. Sugere que problemas intratáveis só podem piorar até fazermos as perguntas certas e descobrirmos a falha. Tudo isso acontece porque a sociedade monetária estabeleceu, ao longo de séculos, que a vida é um direito que contém um direito, que é o de obter e ter. Mas obter e ter o quê? O Poder.

O pensamento de Nicolau Maquiavel retrata muito bem tudo isso quando ele afirma: “O homem que tenta ser bom o tempo todo está fadado à ruína entre os inúmeros outros que não são bons”. Esse pensamento maquiavélico muito contribuiu, ao longo da História, para a falência universal
da sociedade organizada.

Precisamos mudar essa ordem secular e revertê-la, pois a vida é uma dádiva que traz uma dádiva, que é a arte de dar. E a comunidade é o lugar em que podemos oferecer nossas dádivas e receber as dádivas dos outros. Quando as consciências individual e coletiva ficam receptivas aos novos conceitos de organização que essa maneira de pensar implica, a sociedade e suas instituições podem do espírito humano e da Terra, da qual é parte inseparável. Essa é a canção que precisamos cantar mais freqüentemente entre nós.

O mesmo Nicolau Maquiavel afirmou o quanto é difícil mudar para uma nova ordem: “Não há nada mais difícil de se dominar, não há nada mais perigoso de se conduzir ou mais incerto em seu sucesso, do que tomar a liderança na introdução de uma nova ordem de coisas”.

Sendo assim, enquanto você não se comprometer e se envolver em um novo aprendizado, sempre haverá hesitação em sua vida, oportunidade de recuar, ineficácia. No momento em que há comprometimento e envolvimento, a Providência também age. Inúmeras coisas, que de outra forma jamais aconteceriam, acontecem para ajudar.

Senão, vejamos o que nos ensina Emmanuel em página recebida pelo médium Francisco C. Xavier: “Colherás sempre. Reparte com o próximo qualquer recurso que retenhas. Ensina com o que sabes sem a pretensão de conhecer mais do que os outros. Auxilia com o que és. Doa o coração no benefício que fizeres. De tudo o que semeares, efetivamente colherás”. Em outras palavras,

Em outras palavras, Dee Hock nos ensina: “Lidere semeares, efetivamente colherás”. Em outras palavras, a si mesmo, lidere seus superiores, lidere seus iguais, empregue boas pessoas e deixe-as livres para fazer o mesmo. O resto é trivialidade”.