As transformações tecnológicas cada vez mais aceleradas são a marca registrada da nossa época. Celulares com browser de Internet, computadores extremamente sofisticados, equipamentos que parecem saídos de filmes de ficção científica — as inovações tecnológicas apontam para um fenômeno mais amplo e sem volta: estamos vivendo a Era da Informação. "Está em curso uma mudança de paradigma na relação do ser humano com o conhecimento por ele produzido", constata a psicóloga Maria Tereza Falcão, do Colégio Boa Viagem. Segundo ela, essa nova realidade exige dos educadores um questionamento importante: "Estamos atentos aos encantos dessa poderosa ferramenta chamada Internet ou ainda, e tão-somente, deslumbrados?", provoca.

Uma das transformações mais imediatas na relação das pessoas com o conhecimento é o sentimento de desorientação diante da profusão de informações: Quais considerar? Como organizá-las? Como desenvolver uma postura crítica e não apenas passiva? No ciberespaço, é comum os indivíduos se sentirem desprovidos de meios para lidar com o caos informacional. "É urgente a discussão sobre o impacto da Internet na relação dos indivíduos-aprendizes com a construção do conhecimento, através do processo de ressignificação das múltiplas informações, o que implica discutir o impacto da Internet na formação de suas individualidades."

Tereza acredita que tem sido comum a tomada de posicionamentos simplistas — valorização desmedida ou oposição total ao uso da Internet como recurso para os trabalhos escolares. Uma postura mais que equivocada, em sua opinião: "Por si só, o uso da Internet não pressupõe que crianças ou jovens estejam ampliando suas competências intelectuais. A cópia dos textos expostos nos sites tem-nos mostrado o contrário". Por outro lado, não se pode ignorar que a Rede permite o acesso a uma gama infinita de conhecimento. Uma criança tem hoje, ao alcance da mão, muito mais informação do que um adulto, há alguns anos, teria em sua vida inteira.

Para a psicóloga, os educadores precisam refletir mais sobre o assunto. "Que estamos fazendo — instituições escolares e família, por exemplo — como agentes educadores, para favorecer o saber lidar com a inundação de informações que atinge as crianças e os jovens?" Os educadores têm uma grande responsabilidade nessa questão. Não se pode fugir do debate.