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O desafio da gestão participativa e eficaz
Publicado em Sun Jul 30 18:39:00 UTC 2000 - Edição 97
Gestão participativa. O termo vem ganhando cada vez mais importância em empresas e organizações preocupadas com o aperfeiçoamento de suas estratégias de gestão. Nesse cenário, personagens como o patrão autoritário e o funcionário submisso saem de cena para dar lugar a uma nova forma de relação - mais democrática e produtiva - no ambiente de trabalho. Nesta entrevista, o consultor Francisco Cunha, da TGI, integrante da Rede Gestão e editor da coluna Desafio 21 fala mais um pouco sobre o tema.
Como fica a questão da hierarquia e da legitimidade do poder, numa gestão participativa?
O princípio é o mesmo do regime democrático: a autoridade é imprescindível, mas tem que ser exercida sem autoritarismo. Não existe democracia sem autoridade como não é possível existir gestão sem hierarquia, ainda que a mais "leve" possível. Quanto à legitimidade, entendo que quanto menos legítimo é o poder exercido, menos competitiva é a empresa. Portanto, em última análise, o que determina a legitimidade é a capacidade da empresa competir e sobreviver à concorrência. Empresas autoritárias, com hierarquia rígida e com poder centralizado em excesso, num regime de concorrência acirrada, não sobrevivem no mercado por muito tempo.
Para alguns teóricos, a gestão participativa é a melhor alternativa. A participação chega à sua plenitude quando se vence a dicotomia dirigente/dirigido?
FC - Não acredito que se possa eliminar a dicotomia dirigente/dirigido. Não existe equipe sem gerente nem gerente sem equipe. E sem equipe não existe organização nem empresa. Só conheço grupos autogeridos por hipótese, na teoria. Nunca vi funcionando na prática. Essa realidade não impede, todavia, o exercício da gestão estratégico-participativa que tem que ser conquistada com equilíbrio e perseverança, "sem pressa e sem descanso".
As empresas devem adotar o Planejamento Estratégico ou o Participativo?
FC - Em primeiro lugar, não entendo ser possível separar planejamento estratégico de planejamento participativo. Estratégia sem participação é diletantismo ou intelectualização, com pouca eficácia porque não tem o comprometimento real das pessoas na execução (as pessoas só fazem com convicção ou compromisso aquilo em relação a que participaram da decisão). Participação sem estratégia é perda de tempo em termos de gestão. Portanto, é oportuno adotar uma sistemática de planejamento estratégico e participativo que seja capaz de produzir um norte para onde se dirigir e um compromisso em relação ao caminho a seguir (assumido por todos os responsáveis pela gestão).
Quais as principais características necessárias ao gestor, neste novo contexto de mudanças?
FC - Ter capacidade de antecipar, de mobilizar as pessoas (ser um "especialista em gente") e de fazer com que as coisas aconteçam. Além disso, senso estratégico apurado, conhecer bem o negócio que gere e ser um excelente articulador (interno e externo à empresa).
Como fica a questão da hierarquia e da legitimidade do poder, numa gestão participativa?
O princípio é o mesmo do regime democrático: a autoridade é imprescindível, mas tem que ser exercida sem autoritarismo. Não existe democracia sem autoridade como não é possível existir gestão sem hierarquia, ainda que a mais "leve" possível. Quanto à legitimidade, entendo que quanto menos legítimo é o poder exercido, menos competitiva é a empresa. Portanto, em última análise, o que determina a legitimidade é a capacidade da empresa competir e sobreviver à concorrência. Empresas autoritárias, com hierarquia rígida e com poder centralizado em excesso, num regime de concorrência acirrada, não sobrevivem no mercado por muito tempo.
Para alguns teóricos, a gestão participativa é a melhor alternativa. A participação chega à sua plenitude quando se vence a dicotomia dirigente/dirigido?
FC - Não acredito que se possa eliminar a dicotomia dirigente/dirigido. Não existe equipe sem gerente nem gerente sem equipe. E sem equipe não existe organização nem empresa. Só conheço grupos autogeridos por hipótese, na teoria. Nunca vi funcionando na prática. Essa realidade não impede, todavia, o exercício da gestão estratégico-participativa que tem que ser conquistada com equilíbrio e perseverança, "sem pressa e sem descanso".
As empresas devem adotar o Planejamento Estratégico ou o Participativo?
FC - Em primeiro lugar, não entendo ser possível separar planejamento estratégico de planejamento participativo. Estratégia sem participação é diletantismo ou intelectualização, com pouca eficácia porque não tem o comprometimento real das pessoas na execução (as pessoas só fazem com convicção ou compromisso aquilo em relação a que participaram da decisão). Participação sem estratégia é perda de tempo em termos de gestão. Portanto, é oportuno adotar uma sistemática de planejamento estratégico e participativo que seja capaz de produzir um norte para onde se dirigir e um compromisso em relação ao caminho a seguir (assumido por todos os responsáveis pela gestão).
Quais as principais características necessárias ao gestor, neste novo contexto de mudanças?
FC - Ter capacidade de antecipar, de mobilizar as pessoas (ser um "especialista em gente") e de fazer com que as coisas aconteçam. Além disso, senso estratégico apurado, conhecer bem o negócio que gere e ser um excelente articulador (interno e externo à empresa).