Em todas as áreas do conhecimento, há um consenso: a sociedade vem experimentando um processo acelerado de mudança. Disparidades geográficas à parte, nunca se criou e se disponibilizou tamanho volume de conhecimento científico capaz de gerar riquezas para as nações e seus povos. Para o diretor acadêmico da Faculdade Boa Viagem, Walter Moraes, é urgente aproveitar essa oportunidade e aumentar substancialmente o nível educacional da população. "No caso do ensino superior, para que esse processo seja antecipado, é necessário investir de forma integrada e permanente no corpo docente, infra-estrutura, arquitetura organizacional e orientação estratégica", afirma.

A qualidade do corpo docente é um dos princípios básicos. "O ensino superior demanda gente titulada e qualificada, com formação conceitual de bom nível em cursos de mestrado e, preferencialmente, doutorado." Biblioteca, instalações, equipamentos e laboratórios formam a infra-estrutura, que precisa ser moderna e inovadora. Para Moraes, esse é um ponto crítico no ensino superior brasileiro. "O problema não está apenas na falta de recursos para infra-estrutura, mas principalmente no uso pouco eficiente de muitos recursos físicos já existentes", analisa.

O diretor da FBV identifica outra falha comum no sistema universitário: a enorme quantidade de tempo e de energia perdidos em reuniões ineficazes, para lidar com a burocracia — muitas vezes para driblá-la. "A arquitetura organizacional precisa ser menos mecanicista e mais orgânica, em linha com os preceitos da administração moderna."

Por fim, mas não menos importante, as organizações precisam preocupar-se com a orientação estratégica. Moraes acredita que questões associadas à missão e aos princípios, basilares em qualquer planejamento moderno, ainda são artigos raros na maior parte das instituições universitárias: "Normalmente não sabem aonde desejam chegar nem quais são seus balizamentos para tanto". Por sua vez, ressalta, "as competências necessárias precisam ser desenvolvidas levando em consideração os objetivos almejados". Caso contrário, o esforço pode ser, além de caro, desperdiçado. "Esses, na maioria das vezes, ou não estão bem definidos, ou não estão plenamente em sintonia com os desejos e as necessidades da sociedade."