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Desvalorização e Inflação

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Publicado em Sun Aug 01 07:10:00 UTC 1999 - Edição 46
Muita gente ainda não compreendeu porque, após anos de equivalência com o dólar, nossa moeda sofreu desvalorização tão brusca e a inflação não explodiu. O fato é que, com o lançamento do Plano Real, há cinco anos, o Governo adotou a estratégia de manter a moeda valorizada, criando a âncora cambial e garantindo a estabilidade a curto prazo. Ou seja, os preços internos não subiam e, com isso, controlava-se a inflação. Em decorrência do baixo preço do dólar, as importações se tornaram baratas, impedindo o reajuste dos preços dos produtos nacionais.
Pela estratégia do Plano Real, a âncora cambial deveria ser apenas temporária, durando o período necessário para o Governo efetuar o ajuste fiscal, garantindo, assim, a estabilidade a longo prazo. Mas o ajuste foi sempre adiado. Com a valorização irreal da moeda, o País começou a apresentar déficit na balança comercial, devido ao aumento das importações. Para ajustar o balanço de pagamentos, o Governo passou a investir em um programa de privatização, ao mesmo em que praticava uma das mais altas taxas de juros do mundo, atraindo capitais especulativos.
Isso complicou ainda mais o problema fiscal. A possibilidade de o país não poder honrar sua dívida levou a uma rápida fuga de capitais. Dessa forma, o Governo foi obrigado, de última hora, a alterar a política cambial, desvalorizando o real em relação ao dólar. Como já tínhamos cinco anos de desindexação e a economia foi mantida desaquecida, a inflação cresceu um pouco, mas manteve-se sob controle.
Ana Cláudia Barros Sobrinho, Consultora tributária da JCR &Calado

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