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Os Shoppings e o Aumento do Consumo Interno

Símbolo do varejo moderno, o setor de shoppings no Brasil passa por um bom momento.
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Publicado em Sun Sep 28 14:38:00 UTC 2008 - Edição 521

          Apesar das incertezas no cenário econômico mundial, o varejo no Brasil passa por um momento positivo. Impulsionado pelo aumento da renda e da oferta de crédito, o mercado brasileiro — em especial o segmento de shopping centers, que compõe o chamado varejo moderno — se expandiu e se modernizou nos últimos anos. Hoje, colhe bons resultados, com crescimento das vendas e aumento no número de empreendimentos, atraindo a atenção de investidores de todo o mundo.
          Um bom termômetro da atratividade do setor foi o 10º Congresso Internacional de Shopping Centers e a Conferência das Américas, realizados pela Associação Brasileira de Shopping Center – Abrasce, e pelo International Council of Shopping Center – ICSC, no início deste mês, em São Paulo. Nunca um evento da indústria de shoppings no Brasil contou com a participação de tantos empresários, executivos e investidores estrangeiros. Apesar de não ter sido realizada uma pesquisa formal, era evidente o clima de alto-astral, decorrente do bom momento do mercado interno.
          Na pauta de discussões, temas obrigatórios para o segmento, como projetos, fontes de financiamento, comportamento do consumidor, pesquisas, ferramentas de comunicação, segmentação, tendência do varejo e sustentabilidade. A questão mais debatida, entretanto, foi como perenizar a forte demanda interna por consumo sem prejudicar outros fundamentos da economia brasileira.
          Responder a esse desafio é uma tarefa complexa, que envolve uma série de variáveis. Alguns aspectos, com importância fundamental na construção desse cenário, mereceram destaque no debate:
          (1) A inflação já preocupou mais. Contudo, falta investimento em infra-estrutura, e o governo gasta muito — e mal.
          (2) Não há dúvida de que a renda foi favorecida pelo controle da inflação e pela implantação e expansão de programas como o Bolsa Família. Mas é preciso avançar, indo além de políticas compensatórias e programas de transferência de renda. Especialistas dizem que o sucesso pleno desse tipo de programa ocorre quando ele deixa de ser necessário.
          (3) Apesar de ter melhorado, a distribuição da renda ainda é insuficiente para uma expansão mais forte do mercado.
          (4) A taxa de juros no Brasil continua muito alta.
          (5) As crises imobiliária e financeira nos Estados Unidos têm conseqüências difíceis de prever. Apesar de nosso país estar bem menos vulnerável, esse é o assunto que mais preocupa o empresariado atualmente, sobretudo após os últimos acontecimentos, que já influíram na oferta de crédito. 
          (6) Outros problemas estruturais importantes são a alta carga tributária; os altos índices de informalidade, que estimulam uma concorrência desleal; o descrédito na classe política; e a lentidão da Justiça.
          Há um consenso em torno da idéia de que o Brasil não se tornará um país de primeira linha na competição internacional se não implantar uma competente política educacional e promover algumas reformas fundamentais. E cabe à sociedade, bem organizada, pressionar para que essas mudanças ocorram.
          Apesar dos problemas, a economia brasileira está forte, o cenário para o varejo é positivo e aponta para a continuidade dos investimentos no setor de shoppings no Brasil. A aposta da maioria permanece no fortalecimento da economia interna. Contudo, o dever de casa é extenso. Precisamos acompanhar atentamente os desdobramentos da crise americana e promover as mudanças necessárias para reduzir ainda mais nossas vulnerabilidades. Temos muito trabalho pela frente.


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