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O Desafio de Obama
Primeiro afrodescendente a chegar à Casa Branca, Barack Obama tem a mesma oportunidade histórica que Roosevelt teve em 1932. Publicado em Sun Nov 09 17:50:00 UTC 2008 - Edição 527
Poucos presidentes na história assumiram o cargo com um desafio tão exigente quanto o que espera Barack Hussein Obama. Ele chega à Casa Branca cercado de números expressivos. Foi eleito com a maior participação popular na história das eleições dos EUA, em meio à mais grave crise econômica desde o crash da Bolsa de Nova York, em 1929. Vai ter que responder à grande expectativa dos norte-americanos, que depositam no presidente democrata a esperança de encontrar soluções viáveis para problemas tão complexos quanto a ameaça de recessão, a guerra no Iraque e o combate ao terrorismo.
Obama já deixa seu nome na história por ser o primeiro afro-americano a ocupar o cargo de presidente dos Estados Unidos, um país em que a segregação racial é parte da história do seu passado recente. O destino reservou para ele, também, uma oportunidade histórica semelhante à reservada a Roosevelt, depois da Grande Depressão de 1929. Com uma diferença: enquanto a posse de Roosevelt se deu três anos após o crash, a de Obama se dará apenas três meses depois do auge da crise financeira norte-americana.
Assim como ocorreu na década de 1930, quando a quebra levou a uma remodelação do sistema econômico norte-americano, com o New Deal, a Era Obama vai exigir do novo presidente uma grande capacidade de gerenciamento e liderança para conduzir as mudanças necessárias à economia do país. A tarefa é árdua. O democrata irá receber um déficit do orçamento, que pode chegar a US$ 1 trilhão, em 2009, com as medidas de resgate do sistema financeiro já aprovadas.
Uma análise desapaixonada aponta que Obama tem todas, ou quase todas, as condições de enfrentar esse problema, que representará, com toda a certeza, um baque expressivo na cultura de consumo — e de inventar maneiras de se endividar para consumir — dos norte-americanos. Ele tem carisma, terá maioria no Congresso e pode arregimentar um staff de gente competente do Partido Democrata, inclusive com experiência nos oito anos do Governo Clinton.
Pelo andar da carruagem, tudo indica que a crise só se estabilizará mesmo quando o novo governo assumir e tomar o controle da situação com um plano consistente e a capacidade de mobilizar sacrifícios. Ou seja, a recuperação, de fato, começará a partir da posse, assim como a deflagração da crise marcou, na prática, o fim do Governo Bush. Por conta da gravidade da situação, tudo leva a crer que a transição entre os governos Bush e Obama será mais operativa e mais “célere”, se é que se pode usar essa expressão para um período fixo de tempo.
Não restam dúvidas de que o novo presidente tem as ferramentas necessárias para enfrentar o seu grande desafio. O dificultador que pode surgir nesse processo é o fato de ele ser afrodescendente em um país de muito recente passado racista. Mas o mundo espera que, depois do triplamente desastroso (do ponto de vista eleitoral, militar e, agora, econômico) Governo Bush, Obama consiga pôr em prática o slogan de sua campanha: Yes, we can.
Obama já deixa seu nome na história por ser o primeiro afro-americano a ocupar o cargo de presidente dos Estados Unidos, um país em que a segregação racial é parte da história do seu passado recente. O destino reservou para ele, também, uma oportunidade histórica semelhante à reservada a Roosevelt, depois da Grande Depressão de 1929. Com uma diferença: enquanto a posse de Roosevelt se deu três anos após o crash, a de Obama se dará apenas três meses depois do auge da crise financeira norte-americana.
Assim como ocorreu na década de 1930, quando a quebra levou a uma remodelação do sistema econômico norte-americano, com o New Deal, a Era Obama vai exigir do novo presidente uma grande capacidade de gerenciamento e liderança para conduzir as mudanças necessárias à economia do país. A tarefa é árdua. O democrata irá receber um déficit do orçamento, que pode chegar a US$ 1 trilhão, em 2009, com as medidas de resgate do sistema financeiro já aprovadas.
Uma análise desapaixonada aponta que Obama tem todas, ou quase todas, as condições de enfrentar esse problema, que representará, com toda a certeza, um baque expressivo na cultura de consumo — e de inventar maneiras de se endividar para consumir — dos norte-americanos. Ele tem carisma, terá maioria no Congresso e pode arregimentar um staff de gente competente do Partido Democrata, inclusive com experiência nos oito anos do Governo Clinton.
Pelo andar da carruagem, tudo indica que a crise só se estabilizará mesmo quando o novo governo assumir e tomar o controle da situação com um plano consistente e a capacidade de mobilizar sacrifícios. Ou seja, a recuperação, de fato, começará a partir da posse, assim como a deflagração da crise marcou, na prática, o fim do Governo Bush. Por conta da gravidade da situação, tudo leva a crer que a transição entre os governos Bush e Obama será mais operativa e mais “célere”, se é que se pode usar essa expressão para um período fixo de tempo.
Não restam dúvidas de que o novo presidente tem as ferramentas necessárias para enfrentar o seu grande desafio. O dificultador que pode surgir nesse processo é o fato de ele ser afrodescendente em um país de muito recente passado racista. Mas o mundo espera que, depois do triplamente desastroso (do ponto de vista eleitoral, militar e, agora, econômico) Governo Bush, Obama consiga pôr em prática o slogan de sua campanha: Yes, we can.