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Uma Ajuda que Nunca Acaba
Falta transparência para mostrar a quem se destinam os bilhões de dólares gastos pelo Tesouro Americano para “salvar” instituições falidas. Publicado em Sun Mar 15 18:39:00 UTC 2009 - Edição 545
Entra semana, sai semana, e escutamos a repetição da mesma ladainha: “Ajudem uma instituição financeira quebrada”. Assim tem sido desde setembro passado. Assim tem sido para a American International Group (AIG), gigante do ramo de seguros que recebeu, este mês, a quarta ajuda do Tesouro e do Banco Central Americano (FED), que, somada às três anteriores, chega a 160 bilhões de dólares.
Na segunda-feira, 2 de março, o Tesouro e o FED justificaram a iniciativa sob a alegação de que “o custo potencial para a economia e o contribuinte de uma atitude passiva do governo seria extremamente elevado”. Parece argumento de manual ou não querem dizer quais empresas estão sendo ameaçadas pela bancarrota da AIG. Nenhum alto funcionário do Governo Bush jamais diria quais. Assim como Wall Street, o time de Obama parece ter feito uma omertà.
“Assim não dá, tenha paciência”, diz o New York Times (NYT), em seu editorial da terça-feira, dia 3 de março, cujo título está em tradução livre no cabeçalho. Perguntas sem resposta, justificativas sem explicações convincentes começam a inquietar, a deixar dúvidas no ar. Este é o tom do editorial. Não há transparência, não se sabe a quem se destina o dinheiro da ajuda à AIG. Afinal de contas, convence a justificativa do Tesouro e do FED de que a AIG “é contraparte importante de um número de grandes instituições financeiras”? Quais?, pergunta o rotativo.
Para o NYT, um ponto obscuro são as ligações entre a seguradora e o Goldman Sachs, banco de Wall Street. Já na primeira injeção de dólares, o jornal divulgou que o Goldman era o principal parceiro da AIG, com cerca de 20 bilhões de dólares vinculados às operações da seguradora, uma exposição que, segundo o Goldman, teria sido compensada por outros investimentos em fundos de hedge.
Sabe-se também que Lloyd Blankfein, principal executivo do Goldman Sachs, com muitos amigos nos altos escalões, foi o único executivo de Wall Street a tomar parte das discussões de setembro passado sobre a primeira iniciativa de ajuda à AIG. Participou também das discussões o então chefe do FED de Nova York, Timothy Geithner, atual secretário do Tesouro do Governo Obama.
É mais do que compreensível a impaciência do NYT expressa no seu editorial. Até agora, não há nenhuma indicação de que os bilhões de dólares de ajuda irão romper o dique do aperto de crédito, este, sim, um sinal preocupante de que o ambiente de incerteza e desconfiança parece estar longe de ser superado.
Para acabar com essa ajuda sem fim, o NYT — em seu nome e no de um crescente número de economistas e formadores de opinião — propõe que o governo nacionalize os bancos e, ele próprio, assuma a gestão dos bancos falidos para, depois, devolvê-los à iniciativa privada. A inusitada proposta, que tem grande resistência dos políticos, é a única capaz de evitar o crescimento da desconfiança no governo e angariar o apoio público para as decisões mais duras que precisam ser tomadas.
Na segunda-feira, 2 de março, o Tesouro e o FED justificaram a iniciativa sob a alegação de que “o custo potencial para a economia e o contribuinte de uma atitude passiva do governo seria extremamente elevado”. Parece argumento de manual ou não querem dizer quais empresas estão sendo ameaçadas pela bancarrota da AIG. Nenhum alto funcionário do Governo Bush jamais diria quais. Assim como Wall Street, o time de Obama parece ter feito uma omertà.
“Assim não dá, tenha paciência”, diz o New York Times (NYT), em seu editorial da terça-feira, dia 3 de março, cujo título está em tradução livre no cabeçalho. Perguntas sem resposta, justificativas sem explicações convincentes começam a inquietar, a deixar dúvidas no ar. Este é o tom do editorial. Não há transparência, não se sabe a quem se destina o dinheiro da ajuda à AIG. Afinal de contas, convence a justificativa do Tesouro e do FED de que a AIG “é contraparte importante de um número de grandes instituições financeiras”? Quais?, pergunta o rotativo.
Para o NYT, um ponto obscuro são as ligações entre a seguradora e o Goldman Sachs, banco de Wall Street. Já na primeira injeção de dólares, o jornal divulgou que o Goldman era o principal parceiro da AIG, com cerca de 20 bilhões de dólares vinculados às operações da seguradora, uma exposição que, segundo o Goldman, teria sido compensada por outros investimentos em fundos de hedge.
Sabe-se também que Lloyd Blankfein, principal executivo do Goldman Sachs, com muitos amigos nos altos escalões, foi o único executivo de Wall Street a tomar parte das discussões de setembro passado sobre a primeira iniciativa de ajuda à AIG. Participou também das discussões o então chefe do FED de Nova York, Timothy Geithner, atual secretário do Tesouro do Governo Obama.
É mais do que compreensível a impaciência do NYT expressa no seu editorial. Até agora, não há nenhuma indicação de que os bilhões de dólares de ajuda irão romper o dique do aperto de crédito, este, sim, um sinal preocupante de que o ambiente de incerteza e desconfiança parece estar longe de ser superado.
Para acabar com essa ajuda sem fim, o NYT — em seu nome e no de um crescente número de economistas e formadores de opinião — propõe que o governo nacionalize os bancos e, ele próprio, assuma a gestão dos bancos falidos para, depois, devolvê-los à iniciativa privada. A inusitada proposta, que tem grande resistência dos políticos, é a única capaz de evitar o crescimento da desconfiança no governo e angariar o apoio público para as decisões mais duras que precisam ser tomadas.