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A Crise Vai Reforçar a Vida Comunitária?
Após séculos de predominância da política e da economia, a sociedade talvez esteja agora a ponto de resgatar sua dimensão comunitária Publicado em Sun Jul 12 19:49:00 UTC 2009 - Edição 562
A vida humana, enquanto percebida pelas ciências sociais, é composta de três dimensões: política, econômica e comunitária. Esses componentes coexistem com maior ou menor intensidade em qualquer ser humano e grupo social. Na organização da vida individual e, também, para a gestão da vida em sociedade, é importante distinguir os traços gerais dessas dimensões:
Comunitária – O homem nasce da comunhão consciente de dois semelhantes e vive em comunidade. Inicialmente, na família e no grupo que o recebe como ser vivo e atende às necessidades de alimentação, abrigo, vestuário, atenção, fraternidade, etc. Depois, já na fase do “penso, logo existo”, o homem procura escolher os grupos e as comunidades com os quais lhe apraz conviver, diferindo dos outros animais, que apenas naturalmente dão sequência à vida em comunidade. Permeiam essa dimensão o amor, a gratuidade, a solidariedade e as ações executadas sem pensar em receber nada em troca. A realização está em se doar. O ganho é espiritual, e isso não se perde enquanto se doa.
Econômica – Todo ser humano precisa que ele mesmo ou outros produzam bens e serviços para atender às suas necessidades. No caso do homem (e de outros animais), desenvolveu-se a característica de acumular no presente para consumir no futuro. Também de acumular bem ou serviço que tem mais facilidade de produzir para trocar por outro que ele não produz e necessita consumir. O “penso, logo existo” desenvolveu, naturalmente, a ideia do capitalismo: quanto mais riqueza se acumula, mais se pode trocar. Ademais, o ser humano sai criando “necessidades”. Tudo isso implica oferta e demanda, perdas e ganhos de bens materialmente tangíveis ou intangíveis. O que importa e traz realização é o atendimento das necessidades pessoais ou grupais. Analisando um item específico, quando um ganha, obrigatoriamente, o outro perde. É o dinheiro em troca de bens e serviços, que vai se acumulando e multiplicando...
Política – A vida humana é regulada por costumes e legislações que estabelecem os direitos e as obrigações de cada cidadão e de sua organização. A Certidão de Nascimento é a marca inicial do homem. A Identidade, o Título de Eleitor, o Passaporte e o CPF dão sequência. O homem precisa de regulação institucional e de líderes com poder para fazer cumprir os costumes e as legislações. O que pesa nessa dimensão é o poder e a força de uma pessoa ou um grupo sobre outros. Em qualquer comunidade, existe liderança formal e/ou informal. São várias as formas e as manifestações de poder. Essa característica é comum em outros animais, apenas utilizando linguagens diversas para se expressar.
Na vida humana em sociedade, essas dimensões se refletem nos governos (política), nas empresas (econômica) e nas ONGs (comunitária). Como exemplos de grandes ONGs, pode-se pensar nas igrejas, quando realmente voltadas para a sua dimensão comunitária, que deveria ser o foco essencial. Tratando-se do mundo ocidental e após Cristo, percebe-se claramente que esse grande cidadão e profeta bem que tentou — e continua tentando — dizer para o homem que a dimensão mais importante é a comunitária. É esse o componente que deveria prevalecer no mundo, sem liquidar com as demais dimensões, o que seria impossível (“dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”).
Dos 33 anos após o nascimento de Cristo até o ano 312, quando Constantino declarou o cristianismo a religião oficial do Império Romano, a dimensão comunitária chegou a ser presença forte no mundo e só não venceu o Império porque a dimensão política resolveu se “aliar” à comunidade cristã. Por sua vez, o poder político predominou desde essa época até o século XV, quando o componente econômico começou a triunfar com o capitalismo mercantil.
Será que essa crise econômica, quando o capitalismo chegou ao auge, com a sua face financeira, não pode ser vista como o fim de uma era e, por meio da sociedade civil organizada, finalmente, chegar a vez do predomínio da dimensão comunitária?
Marx não entendeu a mensagem de Hegel, que fala da presença de vários aspectos num mesmo fenômeno e tudo evoluindo dialeticamente e em conjunto, sem um aspecto ter de liquidar o outro para reinar sozinho. Socialismo e capitalismo vão continuar aprofundando a dimensão econômica ou vamos largar essa discussão e nos voltar para a mensagem de Cristo, Buda, Krishna, Gandhi, Paramhansa Yogananda, Madre Tereza, etc.?
Será que o homem não vai perceber que a felicidade verdadeira está no predomínio da sua dimensão comunitária? Ou vai continuar com as mortes violentas dos cidadãos e dos Michael Jacksons da vida, chupados precocemente como “laranja virtual” saborosa e rapidamente colocados abaixo de sete palmos de terra?
Comunitária – O homem nasce da comunhão consciente de dois semelhantes e vive em comunidade. Inicialmente, na família e no grupo que o recebe como ser vivo e atende às necessidades de alimentação, abrigo, vestuário, atenção, fraternidade, etc. Depois, já na fase do “penso, logo existo”, o homem procura escolher os grupos e as comunidades com os quais lhe apraz conviver, diferindo dos outros animais, que apenas naturalmente dão sequência à vida em comunidade. Permeiam essa dimensão o amor, a gratuidade, a solidariedade e as ações executadas sem pensar em receber nada em troca. A realização está em se doar. O ganho é espiritual, e isso não se perde enquanto se doa.
Econômica – Todo ser humano precisa que ele mesmo ou outros produzam bens e serviços para atender às suas necessidades. No caso do homem (e de outros animais), desenvolveu-se a característica de acumular no presente para consumir no futuro. Também de acumular bem ou serviço que tem mais facilidade de produzir para trocar por outro que ele não produz e necessita consumir. O “penso, logo existo” desenvolveu, naturalmente, a ideia do capitalismo: quanto mais riqueza se acumula, mais se pode trocar. Ademais, o ser humano sai criando “necessidades”. Tudo isso implica oferta e demanda, perdas e ganhos de bens materialmente tangíveis ou intangíveis. O que importa e traz realização é o atendimento das necessidades pessoais ou grupais. Analisando um item específico, quando um ganha, obrigatoriamente, o outro perde. É o dinheiro em troca de bens e serviços, que vai se acumulando e multiplicando...
Política – A vida humana é regulada por costumes e legislações que estabelecem os direitos e as obrigações de cada cidadão e de sua organização. A Certidão de Nascimento é a marca inicial do homem. A Identidade, o Título de Eleitor, o Passaporte e o CPF dão sequência. O homem precisa de regulação institucional e de líderes com poder para fazer cumprir os costumes e as legislações. O que pesa nessa dimensão é o poder e a força de uma pessoa ou um grupo sobre outros. Em qualquer comunidade, existe liderança formal e/ou informal. São várias as formas e as manifestações de poder. Essa característica é comum em outros animais, apenas utilizando linguagens diversas para se expressar.
Na vida humana em sociedade, essas dimensões se refletem nos governos (política), nas empresas (econômica) e nas ONGs (comunitária). Como exemplos de grandes ONGs, pode-se pensar nas igrejas, quando realmente voltadas para a sua dimensão comunitária, que deveria ser o foco essencial. Tratando-se do mundo ocidental e após Cristo, percebe-se claramente que esse grande cidadão e profeta bem que tentou — e continua tentando — dizer para o homem que a dimensão mais importante é a comunitária. É esse o componente que deveria prevalecer no mundo, sem liquidar com as demais dimensões, o que seria impossível (“dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”).
Dos 33 anos após o nascimento de Cristo até o ano 312, quando Constantino declarou o cristianismo a religião oficial do Império Romano, a dimensão comunitária chegou a ser presença forte no mundo e só não venceu o Império porque a dimensão política resolveu se “aliar” à comunidade cristã. Por sua vez, o poder político predominou desde essa época até o século XV, quando o componente econômico começou a triunfar com o capitalismo mercantil.
Será que essa crise econômica, quando o capitalismo chegou ao auge, com a sua face financeira, não pode ser vista como o fim de uma era e, por meio da sociedade civil organizada, finalmente, chegar a vez do predomínio da dimensão comunitária?
Marx não entendeu a mensagem de Hegel, que fala da presença de vários aspectos num mesmo fenômeno e tudo evoluindo dialeticamente e em conjunto, sem um aspecto ter de liquidar o outro para reinar sozinho. Socialismo e capitalismo vão continuar aprofundando a dimensão econômica ou vamos largar essa discussão e nos voltar para a mensagem de Cristo, Buda, Krishna, Gandhi, Paramhansa Yogananda, Madre Tereza, etc.?
Será que o homem não vai perceber que a felicidade verdadeira está no predomínio da sua dimensão comunitária? Ou vai continuar com as mortes violentas dos cidadãos e dos Michael Jacksons da vida, chupados precocemente como “laranja virtual” saborosa e rapidamente colocados abaixo de sete palmos de terra?