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Turismo para Todos, um Negócio Promissor
Investimento em acessibilidade tem trazido ganhos para os mais variados destinos turísticos Publicado em Sun Jan 25 13:00:00 UTC 2015 - Edição 851O turismo é um fator de autoeducação e aprendizagem das legítimas diferenças entre povos, culturas e suas diversidades e singularidades. É uma atividade associada ao descanso, à diversão, ao esporte e ao acesso à cultura e à natureza, para todos e por todos. Será verdadeiro afirmar isso para o turista com necessidades específicas ou com mobilidade restrita?
E como andam os atrativos e equipamentos turísticos? Estão acessíveis? E os profissionais estão capacitados para receber, atender, hospedar, transportar e interagir com as diferenças e singularidades desse consumidor? Consumidor que, segundo o IBGE, em Pernambuco é, potencialmente, 2.426.106; no Brasil, 45.623.910, e, de acordo com a Organização das Nações Unidas, no mundo representa, aproximadamente, 650 milhões de cidadãos. Consumidores-turistas que, habitualmente, viajam acompanhados por, no mínimo, uma pessoa.
Então, qual é a razão que ainda impede a maioria dos gestores, empreendedores e profissionais da indústria turística de não ver ou não considerar esse público como uma grande oportunidade de negócio? Por que só se lembrar desse turista coagido pela obrigatoriedade da lei? Apenas colocar rampas, instalar barras de apoio nos banheiros ou rebaixar o lavatório não é tornar acessível a todos o atrativo ou o equipamento turístico.
Turistas, consumidores que têm ou estão em condição diferenciada. E eis eles aí: pessoas cegas ou surdas, com baixa visão ou audição, impedimento físico-motor ou intelectual, anões, cidadãos com os mesmos direitos e deveres dos demais. Um carrinho de bebê, uma gestante, uma pessoa obesa ou idosa têm e podem encontrar limites de ir e vir. Assim, é sempre bom estar ligado nas diferenças e suas singularidades. Como um exemplo positivo, temos a implantação do projeto Praia sem Barreira, em Fernando de Noronha, que gerou um crescimento de 400% de visitas à ilha por turistas com necessidades específicas, segundo a Administração do Distrito.
A cidade de Socorro, no interior de São Paulo, que tem como forte o turismo rural e de aventura, é outro exemplo de sucesso. Lá, quase todos os espaços públicos são acessíveis e a maioria dos hotéis são adaptados às mais diferentes condições dos seus hóspedes. Entre as mais de vinte atividades de aventura oferecidas, dez já foram adaptadas e podem ser praticadas por pessoas com necessidades específicas. Consequência? Socorro recebe uma média de 500 mil visitantes por ano, de acordo com o Núcleo de Turismo Rural da cidade, e, em 2014, ganhou o Prêmio Rainha Sofia de Acessibilidade Universal, outorgado pelo Conselho Real para Deficiência, do governo da Espanha.
A indústria do turismo no Brasil contribui para mais de 9% do PIB. São mais de R$ 400 bilhões, o que coloca o País na sexta posição mundial. Ano após ano, a participação do turismo na economia tem crescido: 3,4% em 2013 e, provavelmente, 5% em 2014. No mundo, a atividade contribui para 9,5% da economia global. E por que não viabilizar a participação das milhões de pessoas do segmento aqui referenciado; das quais, estima-se que 15% já seriam turistas de malas prontas?
Como a procura pelo turismo acessível é crescente no Brasil e no mundo, a adequação às normas de acessibilidade deve ser vista como uma oportunidade, um diferencial competitivo, e não uma obrigação. Se a indústria do turismo quer ampliar negócios, sustentabilidade e competitividade, ela deve investir e preparar o trade para oferecer um turismo sem barreiras físicas ou atitudinais.